Reforma Tributária: O que muda para o setor de serviços?

A polêmica da reforma tributária para o setor de serviços tem gerado preocupação e fortes reações das empresas. 

O receio dos empresários é que a proposta do governo aumente a carga tributária dos serviços enquanto privilegia outros setores, causando possíveis dificuldades para o empreendedor.

Para resolver a situação, os representantes da categoria estão negociando formas de reduzir as alíquotas com o governo e encontrar uma solução justa que simplifique as regras e seja benéfica para toda a economia. 

Neste artigo, você vai ficar por dentro dos impactos da reforma tributária para o setor de serviços e acompanhar a discussão de perto. 

Continue lendo e prepare-se para as mudanças nos impostos. 

Advertisement
publicidade

O que muda com a reforma tributária para o setor de serviços?

O impacto da reforma tributária para o setor de serviços está entre os assuntos mais discutidos da atualidade. 

Isso porque as propostas atuais aumentam a carga tributária dos empreendedores de serviços, enquanto reduzem os impostos sobre o comércio. 

Por enquanto, o governo não enviou sua proposta oficial ao Congresso, e o que temos são dois projetos em tramitação na Câmara e no Senado, respectivamente: PEC 45  e PEC 110.

O primeiro, de autoria do Deputado Baleia Rossi (MDB-SP), prevê a substituição do IPI, PIS e COFINS, ICMS e ISS por um único tributo chamado Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS). 

Já o segundo, apresentado pelo ex-deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB), acrescenta o CIDE, salário educação, CSLL e IOF aos impostos unificados pelo IBS.

Advertisement
publicidade

Ambas as propostas defendem a criação desse imposto único de competência dos municípios, estados e união, com alíquota estimada de 25% (incluindo IRPJ e CSLL).

Enquanto isso, a proposta do governo prevê a substituição do PIS e COFINS por  um imposto sobre valor agregado federal, o CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), com alíquotas entre 11 e 12%. 

Além disso, a equipe econômica pretende trocar o IPI por um imposto seletivo aplicado a produtos como cigarros, bebidas e veículos.

Atualmente, as empresas prestadoras de serviços enquadradas no regime tributário de Lucro Real pagam cerca de 5% de ISS e 9,25% de PIS e Cofins, enquanto as enquadradas no Lucro Presumido pagam 3,65% de PIS/Cofins mais os 5% de ISS  — as empresas optantes pelo Simples Nacional não são afetadas.

Logo, se esses impostos forem substituídos pelas alíquotas de 11 e 12%, a diferença vai pesar mais no bolso dos empreendedores.

Advertisement
publicidade

O governo argumenta que o aumento da tributação sobre serviços é uma questão de justiça social, já que os pobres consomem mais bens do que serviços.

Ao igualar as alíquotas, o sistema tributário ganharia mais progressividade — ou seja, os ricos pagariam mais, como defende o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ), em entrevista à Folha publicada em fevereiro de 2020. 

Mas a reação do setor de serviços à reforma tributária indica que não vai ser fácil implementar essa proposta, como veremos a seguir. 

A reação do setor de serviços contra a reforma tributária

Diante da ameaça do aumento de impostos, o setor de serviços tem reagido fortemente contra a reforma tributária. 

Ainda em setembro de 2019, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) anunciou que a carga tributária aumentaria em até 280% para os empresários do setor, conforme publicado no site da Câmara. 

Advertisement
publicidade

De acordo com o representante do órgão, Bruno Pillar, o impacto médio das propostas atuais será de 30% de aumento nos preços para o consumidor. 

Em suas palavras, “algumas empresas que tiverem um impacto de 280% na carga tributária provavelmente não vão sobreviver. Então, o problema não é só o que o consumidor vai pagar a mais, o problema é as empresas que vão fechar caso tenham uma oneração grande na carga tributária”.

Ele também deu o exemplo das escolas particulares, que podem aumentar em até 311% seus impostos com a reforma.

Já o vice-presidente da Confederação Nacional de Serviços (CNS), Luigi Nese, afirma que o setor de serviços vai pagar a conta enquanto a indústria será a única beneficiada.

Em entrevista à Febrac publicada em 2019, ele defende que a reforma seja pautada na desoneração da folha de pagamento, que seria compensada por um novo imposto sobre movimentações financeiras. 

Advertisement
publicidade

No mesmo artigo, o presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), José Roberto Trados, demonstra preocupação com o valor da alíquota unificada.  

Para o presidente da Cebrasse (Central Brasileira do Setor de Serviços), João Diniz, o aumento no setor de mão de obra intensiva pode chegar a 60%, afetando a sobrevivência e prosperidade dos negócios.

Em entrevista ao UOL, publicada em janeiro de 2020, ele afirma que teme pelo aumento de preços, e também reforça o argumento de que o setor industrial está sendo privilegiado na reforma. 

Os empresários ligados ao comércio também reagiram: o presidente do Brasil 200 (grupo de megaempresários que conta com Luciano Hang, Flávio Rocha e Afrânio Barreira), Gabriel Kanner, diz que a proposta é um “desastre” para os serviços.

Em sua opinião, é preciso promover reformas que simplifiquem de forma significativa e rápida o sistema atual, sem aumentar a carga sobre os setores e seus consumidores.

Advertisement
publicidade

Em resumo, a reforma tributária parece ter colocado a indústria de um lado e o comércio e serviços de outro. 

Por isso, as negociações estão em andamento para ajustar a alíquota e encontrar uma solução viável para todos. 

Alíquotas diferentes: a solução da reforma tributária para o setor de serviços

Para solucionar os impactos da reforma tributária para o setor de serviços, os representantes da categoria estão negociando diretamente com o governo. 

Em março de 2020, eles se reuniram com a assessora especial do ministro da economia Paulo Guedes para a reforma tributária, Vanessa Canado, para apresentar uma nova proposta: criar três faixas de alíquotas diferentes para as empresas de serviços.

Conforme noticiado no Estadão em março de 2020, estas alíquotas substituiriam a cobrança única de 25%, considerada abusiva:

Advertisement
publicidade
  • Faixa 1 — alíquota de 6%: empresas que pagam hoje o PIS/COFINS pelo modelo de cobrança cumulativo (alíquota atual de 3,65%), enquadradas no lucro presumido e lucro real em setores como saúde, educação, telecom e construção
  • Faixa 2 — alíquota de 11%: empresas de lucro real que pagam pelo sistema não cumulativo (alíquota atual de 9,25%) e com tributação concentrada do ISS
  • Faixa 3 — alíquota de 11% a 12%: empresas que estão no sistema não cumulativo e pagam ICMS.

No caso, as empresas optantes pelo regime cumulativo não podem utilizar créditos tributários para compensar os impostos na cadeia produtiva — o que ocorre muito no setor de serviços, já que não há insumos para gerar os créditos. 

Já o regime cumulativo (mais usado pela indústria), as empresas podem usar seus créditos para reduzir tributos, e por isso pagam a alíquota maior (9,25%).

Com a criação da CBS e instituição dessas alíquotas diferenciadas, as empresas de serviços teriam uma redução considerável na base de cálculo do PIS/COFINS, podendo aproveitar melhor os créditos tributários e manter a arrecadação próxima à atual. 

Na opinião de Emerson Casalli, diretor de relações institucionais do CPI Produtividade Institucional e assessor do setor de serviços na discussão da reforma tributária, em contribuição ao mesmo artigo, o modelo de três alíquotas pode resolver 90% dos problemas dos empresários e governo. 

Hoje, há três grupos de interesse à frente do debate: os contrários as PECs (sobretudo tributaristas) os que defendem a volta da CPMF para desonerar a folha e os que querem negociar as mudanças na PEC 45. 

Agora só resta esperar a decisão da comissão mista que vai buscar a convergência das propostas. 

Advertisement
publicidade

4 fases da reforma tributária para o setor de serviços, comércio e indústria

Como vimos, a questão da reforma tributária para o setor de serviços ainda está em discussão e deve se estender até a apresentação do texto final do projeto.

Até março de 2020, o governo sugere uma transição de 4 fases para implementar sua proposta. 

Veja como vai funcionar essa metamorfose tributária.

Fase 1 — Criação da CBS

Na primeira fase da reforma tributária, o governo deve enviar um projeto de lei para a criação do imposto sobre valor agregado federal, o CBS, a partir da unificação do PIS/COFINS.

Considerando que esses dois tributos demandam muita energia das empresas, a ideia é simplificar a cobrança e a apuração. 

Até então, a alíquota prevista da CBS fica entre 11% e 12%, incidente sobre todos os bens e serviços, inclusive os digitais, como apps de táxi e streaming. 

Advertisement
publicidade

Além disso, a cesta básica será desonerada e os tributos pagos no consumo de seus produtos serão devolvidos à população de baixa renda.

Outra medida em estudo para a criação da CBS é o tratamento diferenciado para algumas atividades, como serviços, construção civil e transporte urbano.

Fase 2 — Mudança do IPI

Na segunda fase, o IPI será transformado em um tributo seletivo e a CIDE poderá acabar (inclusive para os combustíveis). 

O objetivo é criar um imposto regulatório sobre produtos como cigarros, bebidas e alguns veículos, com alíquota específica para cada um. 

Por enquanto, não foram definidos os produtos atingidos e suas respectivas alíquotas. 

Advertisement
publicidade

Fase 3 — Reformulação do IRPF e IRPJ

Na terceira fase, a reforma tributária fará a reformulação do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) e Jurídica (IRPJ).

O governo pretende reduzir a tributação sobre o lucro (IRPJ + CSLL) de 34% para 20% ao longo de um período predeterminado, entre 5 e 8 anos. 

Em relação ao IRPF, haverá ampliação da faixa de isenção e redução das faixas de renda para cálculo do imposto, além da fixação de um limite geral para deduções de gastos com saúde e educação. 

Outra medida será a tributação sobre lucros e dividendos distribuídos pelas empresas aos sócios.

O governo ainda estuda criar uma faixa mais alta de tributação, que pode chegar a 35% para contribuintes de maior renda. 

Advertisement
publicidade

Fase 4 — Desoneração da folha de pagamento

Na quarta e última fase da reforma tributária, a proposta é desonerar o custo da folha de salários para as empresas.

Como vimos, essa é uma das principais demandas dos setores empresariais, e deverá ser contemplada com a eliminação progressiva dos impostos sobre a folha. 

Contabilix: parceira do setor de serviços na reforma tributária

Seja qual for o desfecho da reforma tributária para o setor de serviços, você pode contar com os serviços da Contabilix para manter sua empresa sempre em dia e otimizar seus impostos.

Nossa plataforma de contabilidade online é feita sob medida para atender empresas de serviços, automatizando as tarefas contábeis para você resolver tudo em poucos cliques.

Além dos serviços básicos como emissão de notas fiscais, cálculo e emissão de guia de impostos, entrega de obrigações acessórias e relatórios diversos, nossos contadores também estão prontos para oferecer consultoria tributária personalizada.

Advertisement
publicidade

Assim, você terá a certeza de estar enquadrado no regime tributário certo para pagar o mínimo de impostos possível, e terá o apoio do escritório contábil digital para organizar os pagamentos.Então, esse é o momento de trocar de contador e se preparar para as mudanças da reforma tributária para o setor de serviços.

Dica extra do Jornal Contábil: Se prepare e se especialize em Departamento Pessoal Gostaríamos que conhecessem nosso treinamento completo e totalmente na prática de departamento pessoal e eSocial para contadores. Aprenda todos os detalhes do departamento pessoal de forma simples e descomplicada. Saiba tudo sobre regras, documentos, procedimentos, leis e tudo que envolve o setor, além de dominar o eSocial por completo. Essa é a sua grande oportunidade de aprender todos os procedimentos na prática com profissionais experientes e atuantes no segmento, clique aqui acesse já!

Fonte: Contabilix

Wanessa

Notícias recentes

Vai vender para o exterior? Saiba como regularizar a empresa e atrair clientes lá fora

Quer internacionalizar sua empresa? Saiba como regularizar seus negócios e atrair clientes internacionais com nossa…

17 de março de 2025

Whiteness Perfect FGM: Sucesso Nacional com 300 milhões em Faturamento

O mercado odontológico brasileiro testemunhou um fenômeno notável com o clareador dental Whiteness Perfect 22%…

17 de março de 2025

Manual e-financeira: publicados leiautes e orientações ao desenvolvedor

A publicação visa facilitar a consulta em separado de cada um deles

17 de março de 2025

Declaração do Imposto de Renda 2025: Como Evitar a Malha Fina e Garantir a Restituição

O texto detalha como evitar a malha fina na declaração do Imposto de Renda 2025,…

17 de março de 2025

Como ficaram as regras do Imposto de Renda 2025 para os autônomos?

Confira as regras para esta categoria em 2025

17 de março de 2025

Começar com mais de R$ 13 mil? Veja as carreiras com ótimos salários iniciais

Grandes salários estão esperando os profissionais de algumas áreas desde o início da carreira; veja…

17 de março de 2025

Reforma Tributária pode deixar aluguel mais caro? Entenda

Um medo constate de muitos brasileiros se relaciona ao preço do aluguel, mas será que…

17 de março de 2025

Consignado para trabalhador CLT disponível a partir desta semana

Empréstimo consignado agora disponível para trabalhadores do setor privado

17 de março de 2025

Material de escritório pode melhorar o imposto de empresas? Entenda

A compra de material de escritório pode trazer benefícios quando declarada no imposto anual das…

17 de março de 2025

7 coisas boas que a Reforma Tributária pode trazer

Quem trabalha com comércio exterior no Brasil pode ter grandes benefícios por meio das alterações…

17 de março de 2025

Idosos são obrigados a declarar Imposto de Renda este ano?

Os brasileiros idosos precisarão declarar Imposto de Renda em 2025? Entenda quais são as regras…

17 de março de 2025

Preparando sua conta Gov.br para o IRPF 2025

Com o início da temporada de declarações do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) 2025…

17 de março de 2025

This website uses cookies.