Categorias Sem categoria

Por um ambiente menos hostil às pequenas e médias empresas

Quando o assunto são os impostos, quase todos pensam na carga tributária. Diga-se de passagem, a nossa não é das mais baixas: em torno de 36% das riquezas geradas no país, medidas pelo Produto Interno Bruto, são entregues ao governo. Fica mais fácil entender o significado deste valor ao se demonstrar que cada brasileiro trabalha 150 dias por ano para pagar seus impostos.

O tema é polêmico. Alguns consideram esse valor pequeno, pois, segundo eles, precisamos de mais impostos para reduzir a pobreza e avançarmos em questões sociais como saúde, educação e segurança pública.

Outros pensam inversamente: quanto mais impostos, menor será a capacidade de produzirmos bens e serviços competitivos; menor será a renda do trabalhador e menos empregos serão criados.

Polêmicas à parte, raramente percebemos que todos pagamos, além dos impostos, o custo da burocracia e do risco tributário e trabalhista, quando realizamos nossas compras.

A burocracia, diferentemente dos tributos, não gera retorno à sociedade. Não há qualquer forma de aplicar os gastos burocráticos em programas sociais, saúde ou educação.

Advertisement
publicidade

Criar e manter uma empresa ou mesmo organização sem fins lucrativos no Brasil é um desafio hercúleo, pois estamos sujeitos à gigantesca burocracia tributária, com 54 normas do gênero publicadas diariamente, 11 milhões de combinações de cálculos em impostos e 105 mil alíquotas só no Simples, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).

Não é sem motivos que o próprio Ministério da Fazenda reconheceu o grave problema em um relatório de 2008 sobre a reforma tributária, segundo o qual o nosso modelo tributário “implica altos custos burocráticos para as empresas apurarem e pagarem seus impostos, além de um enorme contencioso com os fiscos.

Não é por acaso que um estudo do Banco Mundial aponta o Brasil como recordista no mundo em tempo despendido pelas empresas para cumprimento das obrigações tributárias.”

Na área trabalhista temos também grandes dificuldades. O ex-presidente do Tribunal Superior do Trabalho, ministro João Oreste Dalazen, foi enfático ao afirmar que a nossa legislação trabalhista é cheia de lacunas, excessivamente detalhista e confusa, o que “gera insegurança jurídica e, inevitavelmente, descumprimento”.

Não é à toa, também, que o Brasil ostenta o título de campeão mundial de processos trabalhistas, com mais de 2 milhões por ano. Esse volume de disputas consome R$ 12 bilhões anuais para mantermos a Justiça Trabalhista.

Advertisement
publicidade

Enfim, o Brasil precisa de urgência na realização de reformas que criem um ambiente menos hostil às pequenas e médias empresas. Caso contrário, toda uma geração poderá ser comprometida do ponto de vista econômico e social. A complexidade atual só favorece a corrupção e a sonegação, em detrimento do empreendedor e dos trabalhadores.

Mas você sabe quanto paga pela burocracia em suas compras? Provavelmente não. Faltam levantamentos precisos realizados no Brasil sobre esse tema. Mas as empresas gastam, e muito, para atender às demandas do governo. O Banco Mundial até realiza um estudo anual, aplicado em cerca de 180 países, baseado em uma empresa padrão.

Dados desta pesquisa apontam que empresas brasileiras gastam nove vezes mais que a média mundial em horas trabalhadas por seus funcionários para calcular e demonstrar impostos e cumprir as obrigações tributárias e trabalhistas.

Na prática, temos um custo adicional na contratação de pessoas, consultorias, sistemas e equipamentos que não trabalham para elaborar melhores produtos ou atender melhor aos clientes. São recursos que só atendem ao governo em suas demandas burocráticas.

Justamente por não termos esse valor medido, é que precisamos realizar pesquisas, analisar e calcular o valor do custo da burocracia tributária e trabalhista embutido em tudo aquilo que compramos.

Advertisement
publicidade

A complexidade e a subjetividade das normas tributárias e trabalhistas geram um segundo custo oculto: o risco de penalidades. Também não há levantamentos que apontem qual é o valor deste risco. Mas, é possível termos uma ideia do tamanho do “buraco”.

Em 2013, a Receita Federal bateu o recorde de atuações com o volume de R$ 190,2 bilhões. Considerando que a arrecadação federal neste ano foi da ordem de R$ 1,13 trilhão, então as atuações corresponderam a 17% do total recolhido em tributos federais.

Assustador é verificar que as penalidades da Receita corresponderam a 4% do valor total das riquezas geradas no país, que em 2013 registrou PIB de R$ 4,84 trilhões.

Qual será o número ao somarmos as multas trabalhistas e tributárias estaduais e municipais a este montante? Será que quem produz bens ou serviços não embute um percentual deste risco nos preços de venda?

Sem dúvida, é fundamental compreender bem estas questões. Ao expormos à sociedade quanto pagamos pelo custo da burocracia e pelo risco da complexidade legal, deixaremos claro que não basta reduzir alíquotas.

Advertisement
publicidade

É preciso uma real simplificação da atividade empreendedora que irá gerar mais competitividade, empregos e renda. Ou seja, mais retorno social e econômico à nossa nação.

(*) Roberto Dias Duarte é sócio e presidente do Conselho de Administração da NTW Franchising, primeira franquia contábil do país.

loureiro

Notícias recentes

Manual e-financeira: publicados leiautes e orientações ao desenvolvedor

A publicação visa facilitar a consulta em separado de cada um deles

17 de março de 2025

Declaração do Imposto de Renda 2025: Como Evitar a Malha Fina e Garantir a Restituição

O texto detalha como evitar a malha fina na declaração do Imposto de Renda 2025,…

17 de março de 2025

Como ficaram as regras do Imposto de Renda 2025 para os autônomos?

Confira as regras para esta categoria em 2025

17 de março de 2025

Começar com mais de R$ 13 mil? Veja as carreiras com ótimos salários iniciais

Grandes salários estão esperando os profissionais de algumas áreas desde o início da carreira; veja…

17 de março de 2025

Reforma Tributária pode deixar aluguel mais caro? Entenda

Um medo constate de muitos brasileiros se relaciona ao preço do aluguel, mas será que…

17 de março de 2025

Consignado para trabalhador CLT disponível a partir desta semana

Empréstimo consignado agora disponível para trabalhadores do setor privado

17 de março de 2025

Material de escritório pode melhorar o imposto de empresas? Entenda

A compra de material de escritório pode trazer benefícios quando declarada no imposto anual das…

17 de março de 2025

7 coisas boas que a Reforma Tributária pode trazer

Quem trabalha com comércio exterior no Brasil pode ter grandes benefícios por meio das alterações…

17 de março de 2025

Idosos são obrigados a declarar Imposto de Renda este ano?

Os brasileiros idosos precisarão declarar Imposto de Renda em 2025? Entenda quais são as regras…

17 de março de 2025

Preparando sua conta Gov.br para o IRPF 2025

Com o início da temporada de declarações do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) 2025…

17 de março de 2025

Limite de faturamento do MEI em 2025 será maior? Confira!

O valor ainda pode ser alterado devido a proposta de atualização do PLP 108/2021

17 de março de 2025

Bolsa Família em Março de 2025: Calendário de Pagamentos e Novidades Importantes

Bolsa Família de março de 2025 traz um calendário de pagamentos baseado no NIS, mudanças…

17 de março de 2025

This website uses cookies.