PMEs geram renda de 420 bilhões de reais por ano, mas quais os desafios destas empresas?

As pequenas e médias empresas (PMEs) formam um pilar essencial para a economia brasileira. De acordo com o Atlas dos Pequenos Negócios, produzido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), juntas, as PMEs movimentam cerca de R$ 420 bilhões por ano. Isso equivale a cerca de um terço do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Outro dado importante revelado pelo Sebrae está relacionado à renda das micro e pequenas empresas. Ao todo, elas geram cerca de R$ 23 bilhões por mês e movimentam quase R$ 280 bilhões por ano.

Esses números mostram que, apesar dos desafios diários enfrentados por milhares de empreendedores e microempreendedores brasileiros, muitos têm conseguido superar essas dificuldades. Por outro lado, a pesquisa Causa Mortis, também realizada pelo Sebrae, aponta que a falta de planejamento prévio, problemas de gestão e falhas no comportamento do gestor são as principais causas para o fechamento de empresas no país.

Para não entrar nessas estatísticas, os empreendedores, especialmente aqueles responsáveis por micro, pequenas e médias empresas abertas há pelo menos  cinco anos, precisam entender quais são os desafios de gerenciar seu negócio e como superar cada um deles.

Qual a importância das PMEs na economia?

A geração de emprego e renda é o principal fator de impacto das PMEs na economia brasileira. Isso se deve, em parte, pela própria definição dessas pequenas e médias empresas. 

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De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as PMEs podem ser classificadas em função do número de funcionários. Nas indústrias, as micro e pequenas empresas podem ter até 99 funcionários, enquanto as médias têm entre 100 e 499 colaboradores. 

Porém, quando as PMEs fazem parte do setor de comércio e varejo, esses parâmetros são diferentes. Nesse caso, as micro e pequenas empresas podem ter até 49 funcionários, enquanto as médias mantêm entre 50 e 99 profissionais empregados. 

Segundo o relatório elaborado pela PwC, das quase 6 milhões de empresas registradas no país, cerca de 500 mil apresentam essas características e são responsáveis por empregar quase 16 milhões de pessoas no país.

Em função disso, as PMEs são atualmente responsáveis por produzir 30% do PIB do país. Porém, para o Sebrae, essa participação pode aumentar para 40% caso o país cresça ao menos 3% ao ano. Dessa forma, o Brasil poderia se aproximar das taxas registradas nos países desenvolvidos, nos quais a participação dos PMEs no PIB varia entre 40% e 50%.

O Brasil é um país empreendedor

De acordo com dados da Pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), relativa ao “Ciclo 2021”, cerca de 30,4% dos brasileiros entre 18 e 64 anos estão envolvidos com alguma atividade empreendedora. 

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Graças a esse número, hoje o Brasil ocupa a 5ª posição entre os 50 países que mais empreendem no mundo. Essa colocação reflete o crescimento do interesse da população em começar e investir no seu próprio negócio. Para se ter uma ideia, em 2002, essa taxa era de apenas 20,9%. 

De acordo com o Sebrae, esse crescimento também reflete, em parte, a melhora do ambiente jurídico para o empreendedorismo. Programas como o Simples Nacional, a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas (MPEs) e a criação do MEI (microempreendedor individual) foram algumas das políticas que impulsionaram o comportamento empreendedor. 

Apesar disso, os dados também mostram que as MPEs e PMEs brasileiras são sensíveis às mudanças políticas e econômicas que afetam o país. Entre 2015 e 2019, por exemplo, a taxa total de empreendedorismo variou entre 36% e 39%, mas sofreu uma queda em 2020 e 2021 em função da pandemia. 

De acordo com o Ministério da Economia, porém, mais de 4 milhões de empresas foram abertas no país apenas em 2021. Esse número representa um aumento de 20% em relação a 2020, que coincide com o início da pandemia. 

No entanto, esses números poderiam ser ainda melhores caso os empreendedores brasileiros não enfrentassem tantos desafios para gerenciar seus negócios. Confira, a seguir, alguns deles.

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Principais desafios das PMEs brasileiras

O primeiro passo para fugir das estatísticas de fechamento de empresas no país é entender quais fatores contribuem para esse cenário e desafiam o empreendedor todos os dias. 

Conheça os principais desafios abaixo:

Falta de conhecimento técnico

Embora as taxas de empreendedorismo do país sejam altas, o empreendedor enfrenta dificuldades por falta de conhecimento técnico. 

De acordo com dados da BBX, que mentorou 120 empresas nos dois últimos anos, cerca de 92% dos empreendedores não sabem como elaborar, nem como cumprir um planejamento financeiro. Cerca de 80% deles não possuem plano de negócios e 60% dos empresários também não têm conhecimento sobre governança. 

Segundo o levantamento da BBX, esses problemas são mais graves nas pequenas e médias empresas. Como a maioria das PMEs nascem sem nenhuma estratégia, os empreendedores não têm conseguido traçar planos de desenvolvimento e expansão. Além disso, boa parte ainda confunde valores com planos de negócio e não contam com ferramentas de gestão financeira eficientes.

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Por isso, além de buscar conhecimento sobre gestão de negócios, muitas vezes os empreendedores precisam de mentoria para alavancar seu negócio e aprender a administrar sua empresa.

Problemas de governança e compliance

Enquanto a governança se refere às ações que definem responsabilidades nos processos de tomadas de decisão da empresa, o compliance se refere às medidas adotadas para  identificar, evitar e corrigir irregularidades, fraudes e possíveis corrupções no negócio. 

Ou seja, governança e compliance andam juntas e são essenciais para garantir a integridade e eficiência da gestão das empresas. Apesar da importância desses tópicos, as pequenas e médias empresas ainda têm dificuldade de entender e aplicar esses conceitos diariamente. Na verdade, governança e compliance são muito associadas a grandes empresas. 

Porém, o ideal é que esses conceitos sejam aplicados a negócios de qualquer porte, especialmente aqueles que buscam consolidação e crescimento no mercado. Por isso, é fundamental que o gestor se dedique a criar ferramentas de compliance e melhorar suas habilidades de liderança e administração.

Contratação de linhas de crédito para empresas

Segundo o Ministério da Economia, a busca de micro e pequenos empreendedores por empréstimos aumentou 435% em 2021. Para auxiliá-los, o governo liberou uma linha de crédito de R$ 90 bilhões válida até o fim de 2022.

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No entanto, quitar os valores dos empréstimos pode ser um desafio. Segundo outra pesquisa, desta vez da Serasa Experian, a inadimplência de empresas bateu recorde histórico. São 6,3 milhões de empresas com dívidas – a maioria é composta por PMEs, responsável por uma  fatia de 5,6 milhões.

Entre os setores analisados, o de serviços é o mais afetado: 53,3% destas empresas estão endividadas. Comércio e indústria surgem em seguida, representando 37,7% e 7,8% respectivamente.

Além disso, a dívida média por negócio é de R$ 16.771,80 e o número de credores por CNPJ costuma ser de 7,1. Segundo Cleber Gênero, vice-presidente de PMEs na Serasa Experian, empresas deste porte tendem a demorar mais para se recuperarem do vermelho – até mesmo em contextos de estabilidade econômica.

Vale ressaltar que o não pagamento das parcelas de uma linha de crédito faz com que os juros entrem em ação. Esse detalhe faz com que o valor cresça consideravelmente e venha a complicar ainda mais as finanças do negócio.

Por isso, o ideal é fazer um bom planejamento financeiro para usar da melhor forma possível o valor da linha de crédito. Além disso, deve-se avaliar cuidadosamente quais as garantias envolvidas, calcular o Custo Efetivo Total (CET) da operação e Retorno sobre Investimento (ROI) do negócio.

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Recentemente, o Ministério da Economia anunciou o aumento do prazo das linhas de crédito para 72 meses. Antes da decisão, eram 48 – prorrogáveis por mais 12. Ou seja, é possível ter prestações mais leves e evitar a inadimplência.

Caso esteja desafiador arcar com as parcelas do empréstimo, é possível procurar a instituição financeira para renegociar a dívida. Isso ajuda a evitar que os valores em haver se tornem uma bola de neve e prejudiquem a saúde financeira do negócio.

Leonardo Grandchamp

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