Entenda como a crise energética da China afeta a economia brasileira

Apagões em casas e limitação do consumo de energia no polo industrial. Esse é o cenário caótico que a China está enfrentando, atualmente, por conta de uma crise energética que aplaca o país. Crise essa ocasionada, principalmente, pelo comprometimento do governo chinês em reduzir as emissões de poluentes na atmosfera, uma vez que 60% da matriz energética do país asiático vem da queima de carvão. Apesar da distância geográfica entre Brasil x China, o mesmo não acontece economicamente e, segundo especialistas, esse cenário pode afetar a importação e a economia brasileira em poucos meses.

“Com o racionamento de energia elétrica na China, considerada hoje um dos maiores produtores industriais do mundo, as fábricas começam a operar em horários reduzidos e, consequentemente, a produção cai. Com isso, começa a escassez de produtos lá na ponta da cadeira produtora, que vai refletir diretamente na oferta de produtos para os países importadores e no preço que eles serão ofertados não só para os fornecedores, como para o cliente final. Se levarmos como parâmetro a crise do coronavírus e a crise ambiental que a China passou nos últimos anos, a previsão é de que em até quatro meses, os brasileiros já sintam o efeito da crise energética chinesa nos preços dos produtos disponíveis no varejo”, alerta Rodrigo Giraldelli, que atua há 20 anos como especialista em importação da China e está à frente da consultoria China Gate.

Leia mais: China Não Deve Concluir Acordo Com O Mercosul

Hoje, o país asiático é considerado o principal parceiro comercial do Brasil, segundo o Sistema Integrado de Comércio Exterior. Não à toa, em 2021, 31,3 % das nossas importações vieram da China, enquanto em 2022, até o mês de novembro, essa porcentagem estava em 64%. Ainda segundo a instituição, de janeiro a novembro de 2022, essas importações chinesas para o Brasil giraram em torno de US$ 87 milhões. Mas as projeções dessa relação comercial não são promissoras para os próximos meses, segundo o expert em importação.

“Hoje já estamos sentindo o reflexo dessa crise energética no aumento e escassez de produtos de alguns setores, mesmo que ainda de forma tímida. Mas acredito que tudo possa se agravar para os importadores em meados de fevereiro. Isso porque a China não segue o nosso calendário ocidental e sim o lunar, então a partir do dia 20 de janeiro, eles terão um recesso de fim de ano, onde as fábricas costumam parar a produção, com retorno apenas em meados de fevereiro. Com esse cenário de produção já em baixa somada a essa pausa, acredito que essa situação possa se agravar ainda mais nos próximos meses e gerar ainda mais escassez de produtos, aumento nos preços, ruptura de estoque e até crise inflacionária – uma vez que o produto também aumentará na ponta, para o consumidor final brasileiro”, pondera Giraldelli.

Advertisement
publicidade

A importância de ter mais de um fornecedor

Diante disso, Rodrigo, que atua há mais de 20 anos como consultor de lojistas brasileiros que importam da China, orienta que os importadores tenham mais de um fornecedor à disposição na China, neste momento de crise. “Aconselho que os lojistas não coloquem seus ovos em uma única cesta, mas busquem mais de uma fonte de fornecimento dos seus produtos. Além disso, recomendo que procurem fornecedores também em outros países asiáticos, como Vietnã, Indonésia, Índia e Oriente Médio — alternativas para que não haja escassez de produtos”, aconselha o expert.

Leia mais: Próximas Viagens Internacionais De Lula Devem Ser Para Os Estados Unidos E China

Assim como em outras crises (covid e ambiental), a energética, segundo o especialista, será refletida na economia brasileira em poucos meses. Basta lembrarmos a escassez de insumos médicos durante a pandemia que prejudicou o abastecimento brasileiro. “Na China, quando começa a ter esse impacto no setor industrial, automaticamente as cotações já começam a subir. Até quatro meses o produto começa a faltar ou ficar mais caro na ponta do varejo brasileiro, para o consumidor final, então precisamos estar atentos a essa crise na China”, alerta Rodrigo Giraldelli.

Sobre Rodrigo Giraldelli: @rodrigogiraldelli

Formado em Administração de Empresas e Economia, o paranaense Rodrigo Giraldelli é um dos pioneiros na importação de produtos da China para o Brasil. CEO da China Gate, empresa especializada em consultoria e educação sobre importação, Rodrigo auxilia comerciantes que desejam ampliar sua margem de lucro com produtos do país asiático. Além da consultoria, Rodrigo também ministra cursos on-line para ensinar empreendedores sobre o ofício. Com profundo conhecimento em marketing digital, Giraldelli publica, semanalmente, conteúdos nas redes sociais (@chinagatebrasil) e em seu canal do Youtube sobre importação.

Advertisement
publicidade
Gabriel Dau

Notícias recentes

Hobbies que ajudam contadores a desenvolver foco e raciocínio

Um estudo mostra que 90% dos contadores investem em aprendizado contínuo. Porém, apenas 30% praticam…

18 de março de 2025

Quais são as consequências para a empresa do Caged em atraso?

O atraso ou a falta do CAGED pode acarretar em uma multa trabalhista. Acompanhe!

18 de março de 2025

Trabalho aos domingos e feriados: o que muda a partir de julho?

Nova norma exige acordos coletivos para autorizar jornadas de trabalho aos domingos e feriados

18 de março de 2025

Imposto de Renda 2025: Declaração de Rendimentos no Exterior Torna-se Obrigatória

Novas exigências entram em vigor e impactam contribuintes com investimentos internacionais; prazo para declaração se…

18 de março de 2025

Imposto de Renda: como funcionam as prioridades em 2025?

Entenda melhor como funcionam as prioridades para recebimento da restituição do Imposto de Renda (IR)…

18 de março de 2025

19 de março: Qual o feriado e onde é celebrado?

Em 19 de março, celebra-se o Dia de São José, uma figura central na fé…

18 de março de 2025

Exame de Suficiência 1º/2025: Prova será em abril, tire as suas dúvidas!

Se informe melhor sobre o Exame de Suficiência 1º/2025 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC)…

18 de março de 2025

Entenda o recente vazamento de dados de usuários do Pix!

Na última segunda-feira, o Banco Central (BC) comunicou que houve um incidente de segurança envolvendo…

18 de março de 2025

PIS 2025: Descubra agora se você tem direito ao abono e quando vai receber

A Caixa Econômica Federal já iniciou os pagamentos do abono salarial PIS 2025, conforme o…

18 de março de 2025

Bolsa Família: entenda o corte de R$ 7,7 bilhões do programa

Entenda como deve funcionar o corte bilionário do Bolsa Família e saiba quem poderá ser…

18 de março de 2025

Descubra se você tem valores a receber do antigo Fundo PIS/Pasep

Desenvolvido pelo Serpro para o Ministério da Fazenda, serviço facilita consulta e acesso aos valores…

18 de março de 2025

Imposto de Renda 2025: como enviar antes de 1º de abril?

Aprenda como realizar a transmissão da sua Declaração do Imposto de Renda de Pessoa Física…

18 de março de 2025

This website uses cookies.