BC reduz previsão de crescimento do crédito esse ano

O Banco Central (BC) ajustou sua projeção para o crescimento do volume de crédito bancário em 2023, agora estimando um aumento de 7,3%. Essa nova previsão representa uma ligeira redução em comparação à estimativa anterior de 7,7% divulgada em junho deste ano. Essa revisão reflete um cenário de desaceleração do crédito, alinhado ao aumento da taxa Selic, os juros básicos da economia.

Essa nova estimativa leva em consideração os mais recentes dados do mercado de crédito e as revisões do cenário macroeconômico. Essas informações foram compartilhadas no Relatório de Inflação, uma publicação trimestral do BC, divulgada recentemente.

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O documento aponta que essa revisão foi influenciada pelos dados do mercado de crédito, que ficaram abaixo das expectativas, especialmente no crédito destinado a pessoas jurídicas com recursos livres. Nesse segmento, a projeção foi reduzida de 3% para 1,5% devido a uma desaceleração no saldo do crédito mais acentuada do que o previsto.

Por outro lado, a projeção para o crescimento do estoque de crédito livre para pessoas físicas permaneceu em 9%, devido à robustez das concessões até julho de 2023 e às perspectivas atualizadas para a atividade econômica. O BC também aumentou sua projeção para o crescimento econômico deste ano, passando de 2% para 2,9%.

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Vale ressaltar que o crédito livre permite que os bancos concedam empréstimos com taxas de juros definidas por eles, enquanto o crédito direcionado segue regras estabelecidas pelo governo e é destinado principalmente aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e microcrédito.

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No crédito direcionado, a projeção para o crescimento do saldo de crédito para pessoas físicas permaneceu em 11%, com a desaceleração no crédito imobiliário compensada pelo aumento no tamanho do Plano Safra para 2023/2024, que teve um aumento significativo em relação ao plano anterior.

Por fim, no segmento de crédito direcionado para pessoas jurídicas, a projeção foi mantida em 7%.

Política de juros

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tomou a decisão de reduzir a taxa básica de juros, conhecida como Selic, de 13,25% ao ano para 12,75% ao ano. Essa medida foi motivada pelo comportamento dos preços e representa o segundo corte de juros no semestre. Este ciclo de redução deve continuar com cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões do Copom.

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Entre março de 2021 e agosto de 2022, o Copom elevou a Selic em 12 ocasiões consecutivas, iniciando um ciclo de aperto monetário em resposta ao aumento nos preços de alimentos, energia e combustíveis. Por um período de um ano, de agosto do ano passado a agosto deste ano, a taxa permaneceu em 13,75% ao ano por sete reuniões consecutivas.

Em sua ata recentemente divulgada, o Copom reiterou a necessidade de manter uma política monetária restritiva para consolidar a convergência da inflação em direção à meta estabelecida para 2024 e 2025, bem como para ancorar as expectativas inflacionárias. As incertezas nos mercados e as expectativas de inflação acima da meta são fontes de preocupação para o Banco Central e influenciam suas decisões em relação à taxa básica de juros.

A Selic é o principal instrumento utilizado pelo BC para buscar o cumprimento da meta de inflação, uma vez que suas variações têm efeitos diretos nos preços. Juros mais elevados encarecem o crédito e incentivam a poupança, reduzindo a demanda aquecida. Os efeitos do aperto monetário são observados no encarecimento do crédito e na desaceleração da atividade econômica.

A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulou uma taxa de 3,23% até agosto deste ano. No período de 12 meses, a inflação acumulada atingiu 4,61%.

Previsão para 2024

Pela primeira vez, o Banco Central (BC) divulgou uma projeção para o crescimento do crédito em 2024, estimando um aumento de 8,5%. A instituição prevê um avanço no crédito com recursos livres, que é mais sensível à expectativa de queda nas taxas de juros. Dessa forma, espera-se que o saldo total do crédito cresça em termos nominais e reais em relação ao observado em 2023.

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A aceleração no crescimento do crédito deverá ser impulsionada pelo segmento de empréstimos para pessoas jurídicas com recursos livres, à medida que os impactos dos eventos envolvendo grandes empresas se dissipam. Por outro lado, é esperada uma leve desaceleração no crédito para pessoas físicas, tanto nas operações com recursos livres quanto nas operações com recursos direcionados. Isso reflete, entre outros fatores, os níveis elevados de endividamento e comprometimento de renda das famílias, bem como um crescimento mais modesto da renda familiar.

O Banco Central destaca que a perspectiva de aceleração nominal no volume de crédito, juntamente com a desaceleração da inflação, sugere um crescimento real mais robusto no saldo total de crédito para o próximo ano.

Leonardo Grandchamp

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